COLEÇÃO ICTIOLÓGICA
CURADORA: Drª Carolina Rodrigues da Costa Doria
A Coleção Ictiológica da Universidade Federal de Rondônia foi idealizada desde o final dos anos de 1990, quando as pesquisadoras Carolina Doria e Gislene Vilara integraram o grupo de estudos durante o Zoneamento Sócio-Econômico-Ambiental do Estado de Rondônia. Este trabalho serviu para coleta de material que iniciou uma coleção didática, subsidiando o curso de Biologia da universidade.
Em 2003, com os estudos para elaboração do EIA/RIMA das usinas do rio Madeira, grande quantidade de material ictiológico foi coletado no trecho de corredeiras do rio Madeira, entre as cidades de Nova Mamoré e Porto Velho. Paralelamente, a universidade recebeu a doação de um prédio de madeira, que manteve a coleção de referência por sete anos.
A partir de 2009, quando o monitoramento da ictiofauna foi implementado no rio Madeira frente às obras da Usina de Santo Antônio, um montante de mais de 200.000 exemplares foram coletados desde o rio Guaporé até a foz do rio Madeira, além de um pequeno número de amostragens nas drenagens do Tapajós e Purus, incrementando substancialmente o material biológico da coleção. Material advindo de coleta de pesquisadores atuando na região também tem sido doado à coleção.
Atualmente, o acervo de material científico armazena cerca de 250.000 espécimes, sendo que aproximadamente 43% estão devidamente catalogados; maioria do material encontra-se conservada em etanol 70%. É a mais completa coleção de peixes da bacia do rio Madeira em território amazônico, contando atualmente com 12 ordens, 45 famílias (cerca da metade das famílias neotropicais) e em torno de 1067 espécies representadas. Aproximadamente 144.563 exemplares estão catalogados e distribuídos em 23.190 lotes. Deste, 80% são de Characiformes e Siluriformes, além de Gymnotiformes (8,7%), Perciformes (8%) e Clupeiformes (1,3%). Os grupos Characidae (35%), Loricariidae (10%) e Cichlidae (7%) são as famílias mais representadas. Associado a esse material está a coleção de DNA com tecidos de cerca de 500 espécies de peixes da região.
PEIXES DO RIO MADEIRA
A coleção de peixes da UNIR foi inicialmente considerada uma coleção de referência, pelo pequeno porte e por abranger apenas a biodiversidade de peixes local (bacia do rio Madeira em território brasileiro). No entanto, pelo grande reconhecimento atual, nacional e internacional, e pelas novas instalações, é considerada uma das coleções de peixes mais importantes da América Latina, pela grande quantidade de lotes de espécies consideradas raras e por representar uma das faunas mais bem amostradas em toda a Amazônia.
ORGANIZAÇÃO DA COLEÇÃO ICTIOLÓGICA
A grandiosidade e a importância do material ictiológico têm despertado a curiosidade de um grande número de sistematas. Entre 2009 e 2012, a coleção recebeu visitas de vários profissionais de distintas instituições brasileiras (p.ex. MZUSP, INPA, UFT, UEM, MNRJ, PUC-RS entre outras) e internacionais (University of Central Florida e Institut de Recherche pour le Développement). As visitas permitiram a revisão taxonômica de vários grupos de peixes, e refinado a identificação de morfotipos válidos, sendo possível identificar quase 90% do material depositado e alcançar a marca de 1067 espécies inventariadas para na Bacia do Madeira, o que subsidiou a publicação da série de livros sobre os Peixes do Rio Madeira (http://www.gpbiodiversidade.ro.unir.br//pagina/exibir/2154).
Esta coleção compõe uma das mais completas referências aos peixes bentônicos de calha e, igualmente, de doradídeos (para estes, foram coletadas cerca de 42 espécies; cerca de 33% da família). Ainda, possui exemplares de táxons raros em coleções, muitas vezes novos, como Potamotrygonidae, Aspredinidae (Xyliphius melanopterus, Amaralia sp., espécimes de possível novo gênero), Characidae (Amazonspinther dalmata, Microschemobrycon guaporensis, espécies novas de Moenkhausia, Hemigrammus), Loricariidae (Lamontichthys, Hemiancistrus), Gymnotiformes (Archolaemus e Brachyhypopomus), Lepidoserinidae (Lepidosiren paradoxa) e de peixes subterrâneos (Phreatobius).